Relógio

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

A UM AUSENTE


 A UM AUSENTE


Tenho razão de sentir saudade,
tenho razão de te acusar.
Houve um pacto implícito que rompeste
e sem te despedires foste embora.
Detonaste o pacto.

Detonaste a vida geral, a comum aquiescência

de viver e explorar os rumos de obscuridade

sem prazo sem consulta sem provocação

até o limite das folhas caídas na hora de cair.


Antecipaste a hora.
Teu ponteiro enlouqueceu, enlouquecendo nossas horas.
Que poderias ter feito de mais grave
do que o ato sem continuação, o ato em si,
o ato que não ousamos nem sabemos ousar
porque depois dele não há nada?



Tenho razão para sentir saudade de ti,
de nossa convivência em falas camaradas,
simples apertar de mãos, nem isso, voz
modulando sílabas conhecidas e banais
que eram sempre certeza e segurança.



Sim, tenho saudades.
Sim, acuso-te porque fizeste
o não previsto nas leis da amizade e da natureza
nem nos deixaste sequer o direito de indagar
porque o fizeste, porque te foste.




Carlos Drummond de Andrade


sábado, 8 de dezembro de 2012


Mãe, minha mãe, meu doce alento,
Fonte onde cedo aprendi o amor,
e também meu mais íntimo tormento.
Amei-te em vida como a uma jóia
que de tão rara nunca soube o preço,
porque a nada pude comparar-te, 
sem te sentir a tudo inigualável!
Pensando no que foste, me enterneço.
Como queria ter-te novamente
sempre ao meu lado, como companheira
nas duras lides, nas batalhas vãs,
nas agonias e alegrias tantas,
nos meus prazeres e meus desvarios,
nas minhas dores entre meus afãs,
nas minhas graças que pensei só minhas
mas que advinham da tua presença.
Hoje me sinto, mãe, tão despojada,
empobrecida, carente de ti.
Eu desejava ser independente
e hoje percebo que sou infeliz
por ter perdido tua mão amiga
por não ouvir-te mais a voz tranquila,
a dar-me os teus tão sábios conselhos, 
de uma mulher valente e decidida,
que conhecia o mundo e a própria vida.
Ah, se eu pudesse, mãe rever-te agora!
ouvir-te suavemente me dizer:
_Tenha calma que tudo se resolve!
Eu certamente seria mais segura,
mais humana e menos infeliz!
São só lembranças vivas que atormentam
meu peito que, apertado, não tem ar
para gritar-te, até que tu me ouças:
Como é possível eu deixar de amar
a minha mãe, que já se foi sem volta,
mas, creio,  sei que vou reencontrar?


Pai amado, nesse dia 04/12 foi o dia do aniversário de minha mãezinha. Sei que não posso estar em sintonia com ela, mas peço-Lhe que lhe transmita o meu amor e carinho, meus parabéns e minha saudade!

sábado, 19 de maio de 2012

quarta-feira, 2 de maio de 2012

DJAVAN esquinas



Algumas das esquinas alguns podem saber, mas o que senti ao passar por elas, só eu sei...