Relógio

domingo, 10 de outubro de 2010

Balada para o meu amor criança





Eu te amo assim, por tudo, infantilmente
com o mesmo amor de sonho, diferente,
com que as crianças amam seus brinquedos.


Eu te amo assim, com o mesmo amor discreto,
que elas têm ao brinquedo predileto
que um dia lhes foi dado por presente.


Eu te amo assim, também te destacando
dentre os sonhos que a vida me foi dando,
dentre os raros presentes que ganhei...


Eu te amo assim, com meu amor-criança
que se alimenta apenas da esperança
de te saber, um dia, realidade.


Eu te amo assim, com meu amor-quimera,
que minhas próprias ilusões supera,
na ilusão de te tornar verdade.


Mas meu amor é como o da menina
que chora sempre ao lado da vitrina
onde há o presente que não será seu.


O meu amor é triste desencanto,
porque, depois de destacar-te tanto,
és o presente que ninguém me deu...



Beijos


Homem de dores, provado,
quem te beijou e por que?
Há beijos fartos de amor.
de dor e de quem não crê...

Beijaram-te as criancinhas
Em teu colo enrodilhadas
e os beijos de puro amor
valeu-lhes a benção dada.

Beijou-te uma pecadora
Arrependida, a chorar
e os beijos cheios de dor
levaram-te a perdoar...

Mas houve um beijo, entre tantos,
que te rasgou o coração.
Veio de um íntimo amigo
O beijo da traição...

Canção do meu Amor



O sentimento brotou em meu coração
e explodiu em meus lábios
como uma canção de amor profundo,
cuja melodia somente anjos
poderiam executar.
E cantei esta canção de amor
apenas para os teus ouvidos
com o coração transbordando
e a alma em êxtase.
Os sons, um a um, fluiram
e, como labaredas 
rápidas em seu curso,
encheram o ar,
penetrando em cantos escuros,
devastando antigos medos,
quebrando todos os bloqueios,
rompendo todas as cadeias,
secando todas as lágrimas
que, um dia, brotaram
de meu coração amargurado
por tantos sofrimentos...
E as ondas musicais,
harmoniosas,
invadiram os porões de minha memória,
arrastando de lá
mágoas, desesperos,
ódios e ressentimentos,
apagando todos os traços
do viver sofrido, 
do pranto derramado
pelos erros cometidos.
Os acordes sonoros dissiparam
pesadas nuvens 
de sombras mortais,
projetadas
sobre o caminho em que trilhava.
E a canção que cantei elevou-se
como pássaro cortando os ares,
buscando a Luz que não se apaga.
A claridade envolveu-me inteira
e a canção de amor, puro louvor,
levou-me a tua presença.


Ah, como és belo, Amado meu!
Hei de cantar-te o meu amor
eternamente.
Hei de louvar-te pela vida a fora
e, correndo para os teus braços,
faço de ti
a minha verdadeira habitação,
pois só tu, somente tu,
és o Amor que inspira esta canção.



Homenagem de minha amiga Izabel Silveira


Chuva de saudade...
Ainda me lembro de uma chuva fina,
que assim como eu, parecia chorar
a ausência de dois seres angelicais,
(Adriana e Guilherme).
Chuva insistente, fria e contínua
que aumentava a medida das lembranças
em que me via completamente só.
Voltei ao tempo em que as brincadeiras e
os risos estavam em minha mente horas
antes.
E sofria pela angústia de saber,
que bastaram minutos para que
tudo o que era Felicidade,
se transformasse num imenso pesadelo.
Pesadelo este, que lançava sobre
o meu coração toda a dor que um
ser humano poderia sentir!
As horas passavam e a chuva persistente
fazia com que as lágrimas não tivessem
tempo para secar.
A face doce, linda que só emitia alegria
agora estava ali, estática e sem vida.
O sorriso brincalhão e maduro
desfeito pela fatalidade.
Como dói o coração se perder um filho!
Ainda mais quando as circunstâncias desta,
são brutais e violentas.
A mãe numa hora dessas morre junto
e pergunta a si mesma: - Porque, justo comigo?
Tantos sonhos, tantos objetivos a serem
concretizados, tantos planos concebidos
destruídos numa Estrada da Morte.
Recordo cada detalhe vivido e todas
as vezes que presencio uma chuva fina,
imagino tudo o que passei naquele
dia fatídico e procuro pensar que não
estou sozinha.
Lembro de um dia alguém dizer,
que quando eu olhasse as estrelas
procurasse as mais brilhantes
e certamente os reconheceria.
Sábias e confortadoras palavras!
Pude constatar esta verdade, pois tem
sido o meu consolo.
A dor existe, a saudade persiste
por não tê-los aqui!
Mas creio fielmente, que vocês filhos queridos
estejam no Colo de Deus.
E neste instante emotivo, sussurro á Cristo
no ouvido, uma breve oração:
- Senhor, desculpe-me pela fraqueza, desta dor
que tenho presa dentro de meu interior!
- É que pensei um dia, ir antes de minha filha
deste mundo de ilusões.
- Hoje entendo que no fundo, os levastes deste
mundo, pra evitar um mal maior.
- Agradeço-te o carinho, pela força que me dás e
aproveito pra pedir, cuide destes Anjos por nós!
Cinco Anos sem Adriana e Guilherme, tem sido
uma experiência dolorosa demais!
Este ano o dia 6/12/2008 é sábado, dia da semana
que ocorreu o Acidente e nesta Homenagem eu cito
momentos cruciais que vivi, quando a Tempestade
resolveu cair sobre as nossas cabeças (A minha, de Eliana, José
Paulo e de Paulinha).
A saudade continua grande, mas Deus tem estado sempre presente
em nossas vidas, assim como as recordações, de filhos tão
amados como vocês!!!
Recebam todo o Amor existente na face da terra...
Que a Luz de Deus os ilumine sempre!
Desta mãe que não os esquece,
Izabel Silveira
(Escrito no dia 03/12/2008)

ENGANOS


Rasga,
como um fio de lâmina afiada,
a cicatriz tão débil, mal formada,
desta ferida que não te ocultei.
 
Fere,
aprofundando o corte o mais que queiras,
com a força bruta de tuas mãos grosseiras,
a parte dolorosa que te expus.
 
Dilacera,
como fera voraz à sua presa,
com a mais vil e natural destreza,
a imensa chaga que te revelei.
 
Repousa,
como um heróico ser __ o mais valente __
até que te apercebas, consciente,
que não fizeste o que outros não fariam.
 
Reflete,
o que te faz distinto dos demais
não vem de forças sobrenaturais,
nem vem da tua sórdida vontade.
 
Conclui:
vem do poder que só eu pude dar,
porque somente a ti eu quis mostrar
a minha chaga... que ninguém mais viu...


Ao meu Senhor (como criança...)

Deus Supremo,
Pai amado,
Rei dos reis
meu Salvador,
ao   colocares  o  Teu  Filho  em  meu  lugar
para    sofrer   o   castigo,   que   era     meu,
naquela   cruz,  e  torturado  até   à    morte,
saldou meu débito com o sangue que verteu.
Minha vida
(que era morte),
resgatou-a
meu Jesus.
Criatura,
que antes era,
tornei-me
filha da Luz!
Tenho a Paz
que me legaste,
vida eterna
ao lado Teu.
És meu guia
e meu conforto,
estou em Ti,
és meu Deus!
     Humildemente agradeço o Teu cuidado
ao dar-me a vida, com Teu sangue derramado!



Relógio


Nosso relógio
__ nada incomum __
tem dois ponteiros.
Tal como nós,
cruzam-se sempre,
mas não se fixam __um junto ao outro__
mais do que um segundo...
Relógio-mundo!
A vida é mais precisa:
sempre recorda,
acorda...
e lhe dá corda...

Amor de sonho



Impus a mim mesma a obrigação de te esquecer
Este amor, marcado pela distância,
Louco amor, ainda que profundo,
teria que ser morto, por mais que em mim vivesse...
O amor, quando irreal, não se alimenta
nem se permite haver, se a um só contenta...
E, assim, procurei viver sem tua imagem,
sem mesmo acreditar que te encontara um dia
transpondo a minha estrada,
rompendo o silêncio da minha vida...
Eu nada consegui... depois de tanta luta,
longe de te esquecer, eu, mais ainda
Amei a tua imagem com ternura infinda...
Mesmo que a solidão agora em mim mais pese,
infiltrando-se em minha alma já cansada
não lutarei contra ela um só momento.
Hei de fazer do amor que vive em sonho
a inspiração dos versos que componho...


Á distância...


 
Há um estertor de medo no silêncio
e um espasmar de angústia na saudade
e um delirar de confusão no espanto
e um soluçar de dor em cada pranto...
 
Há um divisar na ausência um bem não visto
e um renovar de pensamentos gastos
e um reviver momentos num momento
e um lacerar de fibras num lamento...
 
Há um revelar de sentimentos vivos
e um desejar presente o que é passado
e um lastimar um sonho inacabado...
 
Há tudo isso em mim; a dor e o pranto
e a solidão e o desespero e a ânsia
e um grande amor por ti... mesmo à distância...