Relógio

sábado, 2 de outubro de 2010

Amor que não vivi...








Eu sei que nunca fui capaz de amar alguém em toda a minha vida, de ter um relacionamento saudável com um homem de quem me enamorasse. Não com profundidade(talvez por não ter desenvolvido totalmente o meu Complexo de Édipo). 
Lembranças escassas de pessoas que não chegaram a ser importantes, nem relembráveis sequer, mostram esse meu defeito _ o desapego.
Não sei se aprendi a ser assim, em fuga sempre, temendo a rejeição que permeou minha existência primeva e me levou a crer que seria uma constante nos relacionamentos, ou se nasci com tal deformidade.
Nem mesmo a você eu amei o suficiente para evitar o afastamento, a bifurcação dos caminhos... Nada fiz para evitá-la. Em nada mais pensei quando assumi uma nova etapa de vida.
No entanto, havia em você algo mais profundo, mais aderente e mais doce. Sua personalidade mansa, pacífica, atraia a minha selvageria e brutalidade.
Por anos a fio fiz da minha vida um espetáculo deprimente, frio, inóspito, numa defesa que nem mesmo conhecia direito, nem mesmo compreendia plenamente. Onde o inimigo? Onde o perigo?
Nunca o soube...
Mas por anos a fio você foi sempre o modelo, a referência do que era bom, maravilhoso. Ninguém nunca o superou e nem sequer se igualou a você.
Por isso tudo, caminhando agora para o fim, reconheço (não sem uma dor alucinante) que amei uma única vez na vida, amei sem consciência, sem a necessidade de aprisioná-lo ao meu estranho e apavorante mundo. 
Permiti o impensável: que você saísse do meu lado, sem derramar sequer uma lágrima, sem um único gemido.
Desconhecia o conhecimento das almas... Nem suspeitava que o verdadeiro amor estava nelas...
E assim, na ignorância do conhecimento mais puro, atravessei a vida com a sensação amarga do vazio e carregando sempre bem próxima ao coração a sua imagem, a lembrança do seu caráter, o seu sorriso fácil, o seu carinho inigualável.
Hoje, separados por anos em que só provei infelicidades que dilapidaram minha alegre inconsequência, retomo com turbulência a lembrança de nós dois e começo a desejar que este longo espaço de afastamento seja retirado de entre nós...
Uma vez mais desejo você e, com tal intensidade, que passo a me comportar como uma adolescente. Quero ouví-lo, tocá-lo, sentí-lo a qualquer preço, sem restrições.
Sinto a reciprocidade em você, porque nossas almas nunca se separaram, nunca deixaram de se amar, mas não creio que possamos retomar nada... 
É um novo adeus, mais denso e, desta vez, com a dor lancinante do "nunca mais".
Se um dia você se lembrar de mim, depois que eu me for, abençoe uma vez mais o nosso amor antigo e renovado. E minha alma estará com você... eternamente...











Nenhum comentário:

Postar um comentário